Não transfiro, nem projeto em ninguém e em nada os meus movimentos passados. Arco com as consequências de minha ingenuidade, de minha imaturidade, de minha simplicidade juvenil. Assumo: confundi fé com credulidade. Dediquei-me cegamente a processos de manipulação. Repeti frases de efeito sem a devida crítica. Embarquei em empreendedorismos ideologicamente contaminados. Não culpo ninguém e não cobro. Não guardo ressentimentos. Eu vivi intensamente cada momento e, repito, assumo a minha história. (...)
Meus amigos se reduziram aos que comungavam com os meus conceitos. Em nome dessas amizades relevei escândalos éticos. Engoli seco conversas cretinas e conspirações para conquistar mais poder – hoje vejo que fui mais cretino que muitos.
De repente muitas coisas foram pesando em minha alma. Alquebrado e triste com o meu passado, procuro mudar de pele. Preciso da misericórdia divina para lavar as nódoas que mancham o meu caráter. Luto para ser irmão de homens e mulheres de boa-vontade. Tenho que me despedir de mim mesmo, dos ambientes que ajudei a criar e de ex-amigos, que só agora reconheço como meros aliados.
O passado irredutível pode ser reconstruído com decisões que eu tomar no presente. Meu presente não precisa ser mera consequência do que vivi; sequer o futuro, um desdobramento inexorável do presente. (Ricardo Gondim)
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