domingo, 8 de dezembro de 2013

Intervalo

"Sem que nada tenha começado, foi assim que tudo terminou. Os nossos caminhos apenas se cruzaram numa sucinta fração de segundos sem ao menos eu ter tempo de saber se você prefere andar na chuva ou se esperaria ela passar na cobertura de uma banca de revistas.
As nossas escolhas não foram minhas nem suas. Porque a gente sempre soube onde cada um queria chegar. E, bem, os nossos sonhos não eram os mesmos.
A gente se encontrou naquele intervalo que o tempo dá de vez em quando, quando a gente nem sabe mesmo quem é, o que quer, mas só sabe que tem que acertar. Não acertamos. Mas há algo de lindo nisso. Vê?, é como se o acaso tivesse proposto que mudássemos os nossos planos para que eles passassem a rimar. Não funcionou.
Mas olha, tudo pode mudar, desde que a gente não mude.
Se bem que não é isso o que vai acontecer."

[RV]

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A brand new kind of me

Fiquei um tempo afastada de tudo e todos pois precisava me achar e acabei perdida dentro de mim. E é a coisa mais estranha do mundo inteiro! 
No meio de tanta confusão pude perceber que precisar dos outros é fundamental e não tem nada de errado nisso. Você não é mais ou menos forte porque precisa apertar no pause e retroceder o pensamento. Muitas vezes, inclusive, é importante dar um passinho para trás pra conseguir dar continuidade ao objetivo. 
Hoje em dia ninguém tem muita disposição, vontade ou coragem para mergulhar profundamente dentro de si mesmo. É trabalhoso, espinhoso, horroroso. E muito enriquecedor. Assusta um pouco, mas liberta muito. Eu passei algum tempo evitando esse momento, esse confronto, essa perda. Porque a gente perde, sim, um pedacinho (ou muitos) quando resolve se encarar pra valer. Mas o ganho é infinitamente maior. É claro que dói. E eu te confesso que usei e abusei dos meus mais variados escudos para evitar esse dia, mas ele chegou. Confesso que veio um pouco forçado, mas foi necessário para que eu entendesse finalmente que não sou invencível. É isso mesmo, mundo: não estou com essa bola toda. Eu falho, não consigo dar conta de tudo, tem vezes que acho que não vou aguentar, piso feio na bola, erro pra valer. E não consigo muitas vezes lidar com meus sentimentos, sonhos, anseios. 
Eu tenho umas culpas loucas grudadas na minha pele, muitas coisas não digeridas e, por favor, não me pergunte que coisas são essas porque eu simplesmente não sei. Sabe como é o não saber? É a gente ter consciência que existe algo que incomoda mas não ter a capacidade de definir o que é aquilo. Só que eu resolvi me perdoar do que eu nem sei direito. Também resolvi pedir desculpa para todo mundo que já machuquei um dia, consciente ou inconscientemente. É que a gente faz tanta merda que nem percebe. Então, se eu fiz alguma coisa pra você que está me lendo agora: desculpa. Eu realmente não sou uma pessoa ruim, mas estou longe de ser perfeita e certinha. Na verdade eu só quero paz para a minha consciência, para você, pra todo mundo. Já temos que fazer tantas coisas, passar por tantos apertos, provações e tentações que é o momento certo de relaxar os ombros, se auto-abraçar e dizer desculpa. Aquela desculpa vinda do fundo do coração...
E nesse hiato senti falta de poder ser eu, falta dos velhos amigos, dos velhos hábitos... senti falta de gente que nunca imaginei que fosse sentir. Saudade de abraços, conversas, madrugadas, sorrisos, experiencias trocadas... Senti falta do microfone, de sentir cada nota, de sair pulando livre por aí. Descobri que preciso viver mais intensamente, aproveitar cada segundo e me lamentar menos. Porque a vida passa... e só as marcas que voce deixa serão permanentes. ;)

Brinde a vida!


"Estamos nos aproximando de mais uma linha de chegada. Junto com ela vem um universo de certezas e espaços vazios. Será que cumprimos tudo que prometemos? Será que tivemos muitos arrependimentos? Será que fizemos o que era para ser feito?
Neste punhado de "serás", vem um conjunto de lembranças doces e amargas. Algo lá dentro se ajusta ao mesmo tempo em que certas coisas causam desconforto. Não, nós não fizemos tudo aquilo que queríamos. Mas será que um dia faremos? É importante ter sonhos, objetivos, metas a alcançar. E deve ser muito chato não ter mais o que querer conquistar. Não falo das conquistas materiais, mas daquelas de dentro. O que é de fora não importa tanto, por mais que a gente viva em um mundo onde as aparências se destacam. 
Você quer saber mesmo o que interessa nesta vida? A paz. Inspirar e expirar sentindo prazer, alívio, gratidão, conforto. Paz ao levantar, paz ao dormir, paz ao agradecer, paz ao sorrir. Paz por perdoar, paz por aceitar que as coisas nem sempre podem ser modificadas, paz por entender que as pessoas são diferentes, paz por deixar de lado o que não acrescenta, paz por manter bons pensamentos, paz por sentir prazer em praticar o bem para conhecidos e desconhecidos. Paz por fazer a sua parte para deixar o mundo mais bonito. Paz por fazer as pazes com o passado.
Eu sei que você queria ter 10cm a mais, uma conta mais recheada no banco, aquele amor de tirar o fôlego, aplausos profissionais, aceitação em todos os lugares e um par de pernas de parar o trânsito. Sei que existem muitos motivos para insatisfação na sua vida. Também sei que você só queria que seu pai não estivesse doente ou que sua avó não sofresse tanto com aquela doença horrorosa. Sei que as doenças bagunçam nossas vidas e nos mostram o quanto somos frágeis. Mas quer saber? Nada, nada mesmo, é pesado demais para quem tem um coração. Dentro do nosso coração está tudo aquilo que somos. Você, que é cético, vai dizer que o coração é apenas um órgão vital. Só não esqueça que dentro dele está o melhor de nós. Nosso coração um dia para. Mas o que somos permanece gravado na nossa alma. E nos acompanha por toda a eternidade. Por isso, vamos deixar as bobagens pra lá. Por isso, vamos acreditar que tudo é feito para o melhor. Por isso, não vamos perder a fé. Por isso, vamos tentar entender que as tristezas, decepções e perdas fazem parte da vida e existem para nos mostrar o que realmente vale a pena. Por isso, não vamos esquecer que a morte não separa duas pessoas: ela apenas tira dos nossos olhos o ser amado, mas o que é de verdade permanece, ainda que invisível e intocável. Por isso, todos os dias vamos agradecer o que possuímos. E neste final de ano vamos fazer as pazes. Com os outros e com nós mesmos." ♥