"Acordei com saudade de escrever para você. Talvez assim eu te sinta perto. Ou quem sabe apenas desafogue o peito.Era para ter dado tão certo. Se eu olho para trás sinto vontade de estapear a sua cara por não ter levado meu sentimento a sério. Lembra aquela vez em que você, com os olhos cheios de sarcasmo, disse que eu devia te esquecer? Uma lágrima quente começou a caminhar lentamente por entre minhas sardas. E te ouvi dizer que deveria poupar meu choro para situações mais importantes e significativas. Senti meu corpo amolecer de tristeza e vi no seu rosto o vazio, não encontrei meu lugar preferido ali.Ainda lembro quando você disse que me queria. Para sempre. "Eu quero você pra mim. Pra sempre". Talvez tenha sido coisa de momento, dramatização romântica, frase de filme água com açúcar ou apenas uma tática para derreter meu coração. Mas, sabe, eu acreditei. Eu acreditei na sua frase, nas suas letras, nas suas sílabas, na sua entonação, no seu olhar, nas suas promessas, no futuro que nunca chegou, no passado que tanto me fez feliz, ainda que tenha sido breve, cheio de altos e baixos.Não sei se as pessoas só valorizam o que têm depois que perdem. Mas acho que nem sempre estamos de olhos abertos. Nem sempre vivemos o presente com toda intensidade que ele merece. Nem sempre estamos atentos às nossas emoções. Vivemos esperando a tal felicidade, sendo que muitas vezes ela já entrou em nossas casas sem bater na porta e está sentada tomando um cafezinho esperando nós oferecermos biscoitos de polvilho.Desculpa. Desculpa por não estar ao seu lado nos momentos em que a minha mão tinha que ter segurado a sua. Desculpa por não ter te dito o quanto você é importante. Desculpa por ter deixado passar umas reticências da minha vida. Desculpa por não estourar garrafas de espumante com as nossas conquistas diárias. Desculpa pela minha falta de jeito. Desculpa o meu egoísmo, a minha imensidão, os meus avessos. Desculpa por eu não ter achado as palavras certas.Amizade pra mim não é essa coisa que dizem por aí. É se preocupar com o outro, mesmo que ele não saiba da nossa preocupação. É querer o bem. É incluir nas preces. É desejar só coisas boas. É ficar feliz com a felicidade do outro. É contar as coisas boas e ruins. É querer somar as alegrias, dividir as tristezas, multiplicar as conquistas e subtrair as coisas ruins. É sentir que a outra pessoa quer - e sempre vai querer - te ver feliz e bem. Sem inveja, sem meias palavras, sem nada entalado na garganta, sem o não dito que tanto aperta o coração da gente.Sinto falto do seu beijo. Seu olhar. Seu rosto. Seu sorriso. Seu gosto. Sua mania de dizer que estou errada. Sua vontade de me fazer rir a cada vez que eu fingia que estava brava. Sim, eu fingia. Sempre foi impossível ficar brava com você. Mas eu inventava fúrias e brigas bobas para dar mais emoção. Emoção ao quê?, hoje me pergunto. Nós já vivíamos tudo aquilo que pode ser mais emocionante em uma relação a dois. O que mais eu queria?, fico pensando. Não sei, queria e quero sempre tudo. E por erros bobos ou por estar completamente distraída deixo a realidade bonita e pura escapar entre meus dedos como fumaça. E fico aqui. Sem seu beijo. Sem seu olhar. Sem seu rosto. Sem seu sorriso. Sem seu gosto. Sem sua mania de dizer que estou errada. Sim, eu estava, estive, estou. Mas agora já é tarde. Me perdoa."
domingo, 24 de março de 2013
Ausências
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