No fim destes dias quentes de início de verão, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoas enlouquecidas e a paranoia à solta pela cidade, no fim destes dias encontrar você, que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, nos cabelos da minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva para Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem. E com tudo isso, seria impossível que eu me esquecesse de voce. Em parte porque seria impossível esquecê-lo; em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amo. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro de voce. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali. O amor no fim é frágil. Frágil para reagir e forte para esquecer.
#day16
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